Violência contra a mulher é tema da Mátria deste ano
08/03/2016 08/03/2016 14:21 1341 visualizações
A CNTE lança a 14ª edição da revista Mátria, com destaque para os 10 anos da lei Maria da Penha. Na reportagem de capa, depoimentos de vítimas de todas as regiões do País reforçam a importância de uma legislação específica para punir os agressores que estão dentro de casa. A matéria traz uma análise do impacto da violência no mundo do trabalho, informações sobre a 4ª Conferência de Políticas para as mulheres e uma reflexão sobre as reações machistas ao tema da redação do último Enem: “A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”.
De acordo com Isis Tavares, secretária de relações de gênero da CNTE, a Mátria, como sempre, está cheia de temas para as pessoas debaterem não só na escola, mas na sociedade em geral. "Eu destacaria essa questão do ano do retrocesso que foi 2015, e a nossa luta, a luta das mulheres, a luta dos movimentos sociais pela democracia, sendo que as mulheres foram extremamente perseguidas, as nossas conquistas, todas, elas foram muito atacadas, tivemos alguns retrocessos, mas também tem uma coisa importante que é a lei maria da penha, os 10 anos da maria da penha, que é uma lei que pegou, independentemente de ter aumentado o número de casos, justamente por isso”, afirma.
Política também é assunto da nova Mátria, que aponta que esta é a legislatura do retrocesso de direitos, com um Parlamento conservador e a Igreja interferindo nas decisões políticas. Entretanto, revela que há mulheres lutando contra isso no Congresso Nacional – elas são parte da nossa baixa estatística de representação feminina no Senado e na Câmara dos Deputados, outra pauta deste ano.
E ainda: o Plano Nacional de Educação e a dificuldade de se aprovar uma política de gênero que combata a discriminação nas escolas e fora delas. O PNE também é o conteúdo do encarte teórico desta edição. Em entrevista, a ministra das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, Nilma Lino Gomes, fala sobre o desafio de ampliar políticas para as mulheres, de igualdade racial e superação do racismo, de proteção das crianças e dos adolescentes e da promoção dos direitos humanos.
“A escola precisa debater gênero, i
ndependente de qualquer coisa, os números da violência precisam diminuir e a gente precisa cada vez mais formar cidadãos para uma sociedade que a gente quer, mais justa, mais humana, mais solidária, com uma país melhor pra todo mundo”, defende a secretária Isis Tavares.
A revista reúne exemplos internacionais de mulheres que estiveram no 7º Congresso Internacional da Educação, o maior encontro de educadores sindicalistas do mundo, realizado no Canadá, e dá detalhes sobre a primeira década da Rede de Trabalhadoras em Educação da Internacional da Educação da América Latina (IEAL), que busca, entre outras ações, garantir estratégias que acelerem o processo de paridade nos sindicatos de todo o mundo.
Outra reportagem fala da repercussão de campanhas difamatórias contra mulheres nas redes sociais e de peças publicitárias que incita, violência e pedofilia. Além disso, a realidade de mulheres presas; o trabalho de blogueiras negras na luta pelo fim do racismo e do sexismo; e mais um episódio da Ditadura também são registrados na Mátria, que destaca um livro com ilustrações femininas e feministas inspiradoras, bem como artigos assinados por especialistas sobre os principais temas da publicação e várias sugestões de material e de atividade para os educadores usarem em sala de aula, ajudando a desmistificar conceitos sobre as relações de gênero.
O presidente da CNTE, Roberto Leão, lembra a tradição da revista: "A Mátria já uma publicação tradicional da Confederação, que anualmente faz o lançamento dessa revista no mês da mulher, especificamente no dia 8 de março. É uma revista que traz o debate nas questões da mulher, que não são apenas da mulher, são questões da sociedade, porque a mulher ocupa espaço importantíssimo na sociedade e precisa ter esse espaço respeitado. Há muito que se avançar na defesa dos direitos da mulher, há muito que se avançar para impedir a violência que ainda existe em grande número contra a mulher e ainda há muito que se avançar no sentido de um Estado efetivamente oferecer as condições de proteger a mulher que quiser fazer as denúncias que devem ser feitas, quando ela sofre qualquer tipo de violência"