MOÇÃO DE REPÚDIO À ORIENTAÇÃO DO GOVERNO BOLSONARO E DO ITAMARATY NA CONDUÇÃO DA POLÍTICA EXTERNA BRASILEIRA
As reuniões que ocorreram no final do mês de junho em Genebra, na Suíça, quando da realização de várias reuniões das Nações Unidas para discutir com representantes de vários países do mundo suas resoluções, constrangeram mais uma vez a todos que presenciaram as intervenções da delegação oficial brasileira. Expostas de forma contundente pelo jornalista Jamil Chade em seu blog que mantém no portal de notícias UOL, a delegação brasileira, formada por diplomatas de carreira, teve que implementar a orientação do Itamaraty em “disputar” nas sessões temáticas das Nações Unidas, encarregadas de discutir as resoluções que irão para votação nesse próximo período, a sua obsessão religiosa de retirar expressões usadas nos textos da ONU há mais de 25 anos.
Dessa forma, o que se viu em Genebra nesses últimos dias foi um Brasil apequenado diante de um pensamento primitivo que, até em resoluções que trataram de temas como o armamento, por exemplo, insistia em suprimir qualquer referência ao termo “gênero”, usado em tratados internacionais desde, pelos menos, a década de 1990. Se não bastasse isso, a delegação brasileira insistia que qualquer menção a expressão “direitos reprodutivos” fosse suprimida das resoluções discutidas porque, segundo os diplomatas brasileiros, certamente constrangidos com a “ordem” e orientação dada pelo novo mandatários do Itamaraty, poderia sucumbir para qualquer “apoio” tácito ao aborto, coisa que nunca foi sequer cogitado nos textos da ONU, mas presente na imaginação desses fanáticos que ora ocupam e sujam a reputação de política externa brasileira construída por Rio Branco e consagrada por Oswaldo Aranha.
Os/as educadores/as brasileiros/as do setor público municipal, distrital e estadual, representados pela CNTE, repudiam, assim, de forma veemente, o retrocesso representado por esse tipo de postura adotado pelo chanceler indicado por Olavo de Carvalho, o guru do governo Bolsonaro, autointitulado filósofo sem nunca ter cursado um curso universitário de filosofia, simplesmente porque abandonou a escola na 8ª série do ensino fundamental. O mesmo Olavo de Carvalho que de forma reiterada agride a todos com seu vocabulário de baixo calão e que vive a promover cursos de astrologia e de autoajuda pela Internet. Nossa política de relações exteriores não poderia nunca ficar submetida a um tipo como esse, que insiste em dizer que a terra pode ser plana. Tampouco nossa política internacional poderia estar sob as égides de sua marionete que hoje ocupa o posto de chanceler do Brasil. O obscurantismo promovido por esse tipo de pensamento não representa o Brasil e tampouco expressa nossas melhores tradições da política externa brasileira.
Brasília, 01 de julho de 2019
Direção Executiva da CNTE