Mudou para pior: especialistas apontam aumento de desigualdades com ‘Novo’ Ensino Médio

13/03/2023 13/03/2023 10:23 447 visualizações

 

 

Falta de professores, diminuição de matérias e deficiência no ensino se agravam, afirmam educadores e entidades em defesa da educação pública

 

Por Redação RBA

Publicado 12/03/2023 - 11h24

 

São Paulo – Aprovado em 2017 sob o governo golpista de Michel Temer, e implementado no ano passado, último ano do mandato de Jair Bolsonaro, o chamado “Novo” Ensino Médio coleciona críticas por parte de estudantes e especialistas e entidades de educação. De acordo com a comunidade escolar, a reforma educacional piorou as condições de escolarização e aumentou a desigualdade na escola pública.

 

No “Novo” Ensino Médio, as disciplinas estão agrupadas em Linguagem, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas e Sociais. No entanto, somente Matemática e Português são obrigatórios nos três anos do ciclo. Também passaram a valer os chamados “itinerários formativos”, que são roteiros de atividades e conteúdos pré-definidos pela escola que os estudantes, teoricamente, podem escolher.

 

O objetivo seria aprofundar o aluno em uma determinada área de conhecimento, para ele se qualificar profissionalmente e desenvolver o empreendedorismo, de acordo com suas vocações e afinidades. Porém, a experiência está sendo ruim, como apontam educadores em reportagem do Seu Jornal, da TVT.

 

“O ensino médio está um caos, professores e gestores públicos nas escolas perdidos, a comunidade escolar toda perdida. É importante a gente lembrar que essa reforma não foi amplamente debatida. Ela foi uma medida autoritária, imposta via medida provisória e transformada em lei”, contesta a integrante da Campanha Nacional pelo Direito à Educação Tânia Dornellas ao repórter Jô Myiagui. De acordo com a especialista, as desigualdades educacionais pioraram com o novo ensino médio nas escolas públicas.

 

Formação e qualificação

Houve falta de professores qualificados, falta de formação para os professores, precarização do trabalho dos educadores, diminuição das matérias tradicionais, deficiência no ensino dos itinerários formativos, aumento da privatização do ensino público por meio da educação a distância (EaD), infraestrutura inadequada das escolas, entre outros problemas.

 

“Mudou para pior”, garante o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Heleno Araújo. “A base nacional comum curricular está capitaneada pelo setor privado, o terceiro setor, a Fundação Lemann que trazem imposições ao currículo da escola, retirando disciplinas que faz a formação humana e cidadã dos nossos estudantes, colocando intinerários que não têm relação direta com a formação dos profissionais e que, de fato, não ajuda os estudantes a terem uma visão crítica do mundo em que nós vivemos”, afirma.

 

Consulta pública no MEC

Os educadores concordam que a educação não era atrativa para os adolescentes e precisava ser modificada. Mas como não houve ampla discussão para uma reforma do ensino médio, eles defendem que a proposta seja revista e até mesmo revogada.

 

 

Na última quinta-feira (9), o Ministério da Educação (MEC) instituiu consulta pública para avaliar e reestruturar o Novo Ensino Médio. De acordo com o governo federal, haverá audiências públicas, oficinas de trabalho, seminários e pesquisas nacionais.